Rumores de “Bitcoin falso” e batalha com a BlackRock

Nos últimos dias, a Coinbase, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, foi alvo de especulações envolvendo sua transparência na gestão de Bitcoin, especialmente após alegações de que teria vendido Bitcoin “de papel” para a gigante de investimentos BlackRock. O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, rapidamente negou as acusações, tentando acalmar a crescente desconfiança da comunidade cripto.

Acusações e defesa de Armstrong

As especulações começaram quando o analista Tyler Durden sugeriu que a Coinbase estaria permitindo que a BlackRock manipulasse o preço do Bitcoin, emprestando BTC sem o devido respaldo. As alegações afirmavam que a Coinbase poderia estar facilitando essas operações sem manter uma reserva 1:1 em Bitcoin, o que, na visão de alguns críticos, seria uma forma de “vender Bitcoin falso”.

Brian Armstrong, entretanto, foi enfático em sua resposta, explicando que todas as operações de emissão e queima de Bitcoin para o ETF de Bitcoin da BlackRock são transparentes e registradas em blockchain. Ele ressaltou que a Coinbase é auditada anualmente pela Deloitte, e os relatórios são acessíveis ao público. Sobre a privacidade das carteiras de clientes institucionais, Armstrong afirmou que compartilhar endereços violaria a privacidade de seus clientes, algo que a Coinbase não está disposta a fazer.

A polêmica em torno do cbBTC da Coinbase

Outro ponto de crítica foi o lançamento do produto cbBTC, uma versão “embrulhada” de Bitcoin gerida pela Coinbase. Esse produto despertou dúvidas sobre sua segurança e se ele realmente é totalmente garantido por Bitcoin real. Armstrong confirmou que o cbBTC é respaldado pela própria Coinbase, mas a falta de prova de reservas (Proof of Reserves) deixou muitos na comunidade cripto céticos.

Figuras como Justin Sun, fundador da Tron, criticaram abertamente o cbBTC, afirmando que ele carece de auditorias adequadas e que os fundos dos usuários poderiam ser congelados sem aviso prévio. Isso gerou comparações com o Wrapped Bitcoin (WBTC), um produto concorrente que agora é controlado por Sun, sugerindo que as críticas também podem ter uma motivação competitiva.

O impacto no mercado

Essa turbulência nas relações entre Coinbase, BlackRock e seus produtos de Bitcoin não aconteceu isoladamente. Recentemente, o preço das ações da Coinbase (COIN) caiu 4% no mesmo dia em que o Bitcoin perdeu quase 4% de seu valor, refletindo o impacto da volatilidade do mercado cripto. MicroStrategy, outra grande empresa envolvida no mercado de Bitcoin, também viu suas ações caírem 5%, enquanto o ETF Valkyrie Bitcoin Miners (WGMI) recuou na mesma proporção.

Essa queda ocorre em um momento de correção no preço do Bitcoin, que, após superar os $60.500, recuou para menos de $58.000. Coinbase, porém, conseguiu recuperar parte do valor perdido no mesmo dia, sugerindo que o mercado ainda vê potencial na empresa, apesar das incertezas.

A influência de grandes jogadores no mercado

A crescente participação de grandes empresas como BlackRock e MicroStrategy no mercado de Bitcoin continua a moldar a dinâmica de preços. A MicroStrategy, por exemplo, já detém 245.000 BTC, representando 1,17% da oferta total de Bitcoin, e sua estratégia agressiva de acumulação tem sido vista como um fator importante na valorização do ativo ao longo dos últimos anos.

Por outro lado, o envolvimento da BlackRock com ETFs de Bitcoin também trouxe estabilidade ao mercado, ajudando a amortecer a volatilidade durante períodos de grande oscilação de preços, segundo o analista Eric Balchunas. Embora teorias sobre manipulação de mercado persistam, muitos especialistas, incluindo Balchunas, acreditam que as vendas de Bitcoin são impulsionadas pelos próprios investidores “HODLers” nativos, e não por operações de grandes fundos ou ETFs.

Foto de Marcelo Roncate

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O autor: Marcelo Roncate

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.




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